Escrever à mão
Adoro escrever à mão. A minha agenda é em papel. A minha lista das compras é manuscrita. Anoto as ideias e ‘quase ideias’ num pequeno caderno. Em criança escrevia diários. Em adulta faço pequenos comentários nos meus livros.
Mas não gosto da minha caligrafia. Não é nada elegante e nos tempos do jornalismo ainda era pior. Às vezes, chegava à redacção e não conseguia ler o que tinha escrito. Sim, é possível. A pressa tem destas ‘coisas’.
A relação emocional com a minha escrita começou cedo. Apaixonei-me pelo mundo das palavras logo na escola primária. Os dias da composição eram os melhores. Mas cedo percebi que a minha letra não era bonita. Era grande, gordinha e arredondada. Três ou quatro palavras enchiam uma linha do meu caderno A5.
O pior foi quando comecei a escrever o meu nome completo no cabeçalho da folha. Cinco nomes e uma preposição. O meu esfoço era hercúleo para ‘encolher’ tudo e respeitar as barras vermelhas laterais. A situação melhorou quando passei para as folhas A4. No entanto, a minha letra manteve os mesmos traços até hoje. É unânime, família e amigos dizem que tenho uma caligrafia de criança.
Com a massificação das novas tecnologias, o acto de escrever à mão foi perdendo o lugar de destaque no quotidiano. As cartas perderam para os emails. A folha e a caneta perderam para o computador, tablet e até telemóvel. A escrita tornou-se mais impessoal.
Sim, com um processador de texto é mais simples, fácil e rápido. Mas e a magia? Cada pessoa tem a sua escrita. Não há duas iguais. Bonitas ou feias, grandes ou pequenas, gordas ou magras, com ou sem floreados. Há para todos os gostos e feitios.
Confesso que continuo a não apreciar a minha letra, mas continuo a adorar escrever à mão. Por isso, todos os dias dou bom uso ao lápis e ao papel. É o meu trabalho de casa para melhorar (ou pelo menos não piorar) a minha caligrafia.
Eu vou escrever (ainda mais) à mão. E você? Hoje já escreveu à mão?