Expectativas

Criar expectativas é expressar o nosso desejo, a nossa vontade. É um misto de querer muito e de sentir muito.

É precisamente isso que acontece quando a minha tia faz aletria. Eu quero muito que ela corresponda ao meu ideal de aletria perfeita. Ou seja, uma textura macia, doce q.b., com a consistência certa para cortar com a faca. E a minha tia faz isso como ninguém.

O problema é quando isso não acontece. Quando a provo, depois de arrefecer, e a desilusão faz-se sentir. A sensação de frustração é imediata. E fico com uma ‘neura’ que até a mim me incomoda. É que a aletria cremosa não é para mim.

A minha tia tem imensa experiência e é raro ela ‘falhar’. Só que, às vezes, ela não acerta no ponto ‘ideal’. Porque há dias bons e dias menos bons.

Quando converso com os meus clientes, tento perceber quais são as suas expectativas. Eu conheço o meu trabalho e quero que ele corresponda. Mas para isso é fundamental uma comunicação clara e honesta entre as duas partes. Só assim é possível ‘dar e receber’ o que se quer.

Por vezes, é preciso reajustar as nossas expectativas. E, sobretudo, adaptá-las à realidade. Porque criar expectativas não é simplesmente esperar por algo. É assumir uma postura activa. É compreender os limites, as possibilidades e, sobretudo, estabelecer pontes entre ambos.

Na cozinha e na escrita é preciso saber dosear.

Anterior
Anterior

Perspectivas

Próximo
Próximo

Tamanho único