Perspectivas
A minha irmã adorou. Eu nem por isso. ‘O perfume’ não me conseguiu cativar. Confesso que, quando acabei de ler a obra de Patrick Süskind, não percebi o entusiasmo todo à volta do livro. E a minha irmã não compreendeu a minha falta de entusiamo.
A história, protagonizada por Jean-Baptiste Grenouille, não ‘mexeu’ comigo. Na altura, estranhei. Qual era o meu problema? Estaria eu a ‘ler mal’ um romance mundialmente reconhecido?
Anos mais tarde, vi o filme e repetiu-se a falta de entusiasmo. Motivo suficiente para retomar as ‘discussões’ com a mana e até com os amigos.
Perspectiva. Era tudo uma questão de perspectiva. Eu e eles tínhamos formas diferentes de ver e ouvir aquela estranha história, centrada num ‘perfumista assassino’. Eu era tocada (ou não) pelo autor de uma maneira, a minha irmã de outra e os meus amigos de outra. Cada uma era válida, mas era igualmente única.
O nosso ponto de vista é nosso. É individual e pessoal. Não tem de ser igual, parecido ou semelhante com o de mais ninguém. Até pode ser, mas se for essa a nossa visão do tema, livro, filme, roupa, comida, viagem…
Confesso que agora penso na ‘perspectiva’ como uma espécie de super-poder. A sério! É algo que todos temos, mas a verdade é que cada um tem a sua. Por mais próximas que possam ser, há sempre um pequeno detalhe que as diferencia. E isso enriquece-nos.
Aprendi a usar esse super-poder no meu trabalho. É através dele que valorizo os meus textos, reforço a autenticidade das minhas palavras e personalizo os meus conteúdos. E isso deixa-me feliz e satisfeita.
Mas atenção. Como já foi dito, ‘com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades’. Uma perspectiva partilha-se, não se impõe ou sobrepõe.